Usar software GPL é ruim para as empresas?

Olá

[quote=texto que eu li]
In all of these cases, GPL can be a real future poison pill. Many companies will not use GPL licensed products in their library code.
Many developers will not use an open source library if it has a GPL dependency.

The fact that you are limiting future possiblities (change of intentions) with the use of GPL software.[/quote]

Já andei lendo em outros lugares, inclusive aqui no GUJ, que algumas empresas não aceitam usar nada Open Source com licença GPL em seus sistemas internos. E não compram aplicações de terceiros que incluam o uso de qualquer coisa GPL.

Fiquei sem entender porque se faria isto. Segundo meu limitado entendimento de licenças Open Source, não vejo como possa ser ruim isto para uma empresa, mesmo que seja uma corporação multinacional que vá replicar o software por outros países.

Será que quando uma empresa é vendida, seu patrimônio de software não pode ser vendido se for baseado em software GPL? (explicação para mim meio absurda)

Alguém pode me explicar o porque da restrição ao GPL?

Qual a experiência de vocês com uso de libs ou frameworks GPL nas empresas?

E mais:

[quote=http://creativecommons.org/licenses/GPL/2.0/]
GPL grants to you the four following freedoms:

  1. The freedom to run the program for any purpose.
  2. The freedom to study how the program works and adapt it to your needs.
  3. The freedom to redistribute copies so you can help your neighbor.
  4. The freedom to improve the program and release your improvements to the public, so that the whole community benefits.[/quote]

Se vendo um software com fontes fechadas que usa uma lib ou um framework GPL, não bastaria eu entregar meu software e fazer com que meu cliente baixasse a lib ou o framework para seu uso?

Seria meu software considerado com uma melhoria da tal coisa GPL?

Seria errado fazer do meu site um mirror para os clientes baixarem a tal lib ou o tal framework?

[]s
Luca

O maior problema que as empresas têm com a licença GPL é o seu efeito “viral”, que faz que qualquer software desenvolvido usando uma parte de código GPL obriga o software inteiro ser licenciado como GPL, pois pode-se considerar que o seu software é uma versão modificada do software original GPL.

Para usar um biblioteca ou framework, estas tem que estar licenciadas pela LGPL (GNU Lesser General Public License), que permite linkar sem precisar abrir os fontes.

Se você usar uma lib GPL, sim, seu software pode ser considerado uma versão do da lib, e você seria obrigado a abrir os fontes do software todo.

MAS a GPL só obriga abrir os fontes caso o software seja distribuído para o público, ou seja, se você usar uma versão modificada de um software GPL dentro da sua empresa somente, não é obrigado a abrir os fontes.

Olá

André, as coisa estão ficando mais claras para mim.

[quote=Hipótese]
Digamos que minha empresa venda um determinado software desenvolvido especificamente para a sua empresa. Em outras palavras, a sua empresa terceirizou o desenvolvimento do software para a minha empresa.

Digamos também que nosso contrato não me obriga a lhe fornecer os fontes.

Porém meu software usa uma biblioteca GLP (não LGPL mas sim GPL mesmo).[/quote]

Então isto quer dizer que o advogado da sua empresa pode exigir que minha empresa entregue os fontes, mesmo que o nosso contrato tenha excluído a venda dos fontes?

[]s
Luca

[quote=Luca]Então isto quer dizer que o advogado da sua empresa pode exigir que minha empresa entregue os fontes, mesmo que o nosso contrato tenha excluído a venda dos fontes?
[/quote]

Teoricamente pode sim e isso já aconteceu nos EUA. Quando você uma biblioteca GPL em uma aplicação que vai ser distrubuída, você sabe exatamente aonde está mexendo, então tem que se responzabilisar pelas consequências.

Que eu saiba isso só vai acontecer se foce anexar ao se fonte o fonte da biblioteca.

Agora, você pode usar o binário, evitando esse efeito.

Toda e qualquer alteração em fonte GPL tem que ser distribuida junto com o novo binário gerado. Como tem muito espertalhão que copia os fontes para dentro do seu projeto o efeito viral ocorre.
Caso você não altere os fontes orginais vc não precisa se preocupar com isso.

VELO

[quote=velo]Que eu saiba isso só vai acontecer se foce anexar ao se fonte o fonte da biblioteca.

Agora, você pode usar o binário, evitando esse efeito.

Toda e qualquer alteração em fonte GPL tem que ser distribuida junto com o novo binário gerado. Como tem muito espertalhão que copia os fontes para dentro do seu projeto o efeito viral ocorre.
Caso você não altere os fontes orginais vc não precisa se preocupar com isso.

VELO[/quote]

Esse “relaxamento” da licensa só existe na [color=red]L[/color]GPL, na GPL você não pode nem linkar binário, nem usar fontes, nem fazer nada, sem republicar tudo sob a GPL.

Se eu ofereço software no modelo de ASP e este utiliza GPL sofro o efeito viral?

No meu entendimento, por mais que o software seja usado externamente, ele nao está sendo distribuído. Mas agora fiquei com dúvida…

[quote=RodrigoSol]Se eu ofereço software no modelo de ASP e este utiliza GPL sofro o efeito viral?

No meu entendimento, por mais que o software seja usado externamente, ele nao está sendo distribuído. Mas agora fiquei com dúvida…

[/quote]

Se vc vender o seu software vc é obrigado a passar o seu codigo fonte se ele for GPL.
O que não significa se vc tem um software GPL vc seja obrigado a disponibiliza-lo, vc apenas tem o direito de desponibilizar.

Mas quem tem acesso a ele pode disponibilizar.

Na prática, no Brasil a questão não é o termo em si da licença (GPL, LGPL, BSD ou qualquer outra), até pelo fato de não serem formalmente aplicáveis pelo sistema jurídico vigente. O que acontece é que algumas empresas só utilizam um software se tiverem um fornecedor para dar suporte, imaginando com isto estarem menos dependentes de talentos indivíduais.

Apenas para citar um exemplo, estive em uma empresa estatal recentemente e comentaram que só agora estavam migrando de uma solução proprietária para controle de código fonte para o CVS, pois finalmente haviam fechado um contrato com uma empresa que iria dar o suporte.

[quote=eric_jf]
Se vc vender o seu software vc é obrigado a passar o seu codigo fonte se ele for GPL.
O que não significa se vc tem um software GPL vc seja obrigado a disponibiliza-lo, vc apenas tem o direito de desponibilizar.

Mas quem tem acesso a ele pode disponibilizar.[/quote]

Não, se vender não, se distribuir, se você distribuir um software que faça uso de bibliotecas GPL, quem recebeu uma distribuição tem o direito de exigir o código fonte.

Quem não quiser ver o seu software GPL por aí, é só não distribuir a ninguém :smiley:

se você utilizar uma biblioteca GPL no seu software, obrigatoriamente você tem que disponibilizar este software como GPL também, independente de você querer ou não disponibilizar este software desenvolvido, ou da forma como a biblioteca esta anexada ao seu software …

agora se você utilizar um software GPL, e não alterar e nem criar nenhum outro software que utilize este, não há problema algum …

[quote=Maurício Linhares][quote=eric_jf]
Se vc vender o seu software vc é obrigado a passar o seu codigo fonte se ele for GPL.
O que não significa se vc tem um software GPL vc seja obrigado a disponibiliza-lo, vc apenas tem o direito de desponibilizar.

Mas quem tem acesso a ele pode disponibilizar.[/quote]

Não, se vender não, se distribuir, se você distribuir um software que faça uso de bibliotecas GPL, quem recebeu uma distribuição tem o direito de exigir o código fonte.

Quem não quiser ver o seu software GPL por aí, é só não distribuir a ninguém :D[/quote]

Acho que ficou confuso o que eu disse.

O que eu quiz dizer é quando vc obtem um software GPL, seja comprando ou obtendo de alguem que distribuiu, vc tem direito de distribuir, mas vc não é obrigado a distribuir.

Acho q agora ficou melhor…

e completando … quando vc repassa o seu software q é GPL o dono tem os mesmos direitos de disponibilizar e não o dever de disponibilizar.

[quote=Luca]
Então isto quer dizer que o advogado da sua empresa pode exigir que minha empresa entregue os fontes, mesmo que o nosso contrato tenha excluído a venda dos fontes?[/quote]

O que se pode fazer - que é o que a Red Hat faz - é no contrato, especificar que se o usuário escolher a GPL, todos os serviços de manutenção passam a não ser mais válidos. Ou seja, se o cidadão pedir o fonte, fica 100% sem suporte de quem fez. Isso pode valer a pena ou não e pode ser visto também como anti-ético. Fica a critério de cada um.

A um tempo atrás vi uns advogados discutindo sobre isso. O fato é que a GPL é válida nos EUA, mas não no Brasil.

No Brasil, qualquer coisa que você distribua, cobre você por ela ou não, tem que ser garantida. A justiça brasileira entende que, por mais que o custo seja zero, você está tendo lucro com a distribuição, o que não deixa de ser verdade.

Como essa é a cláusula de isenção de responsabilidade existe e inválida no contrato GPL, passa a valer os direitos previstos no código de defesa do consumidor. Ele passa a ter direito de exigir o funcionamento adequado do sofware e passa a ter direito ao ressarcimento em caso de prejuízos.

Há uma ampla discussão para a adaptação do modelo GPL e LGPL no Brasil.

[quote=ViniGodoy]Como essa é a cláusula de isenção de responsabilidade existe e inválida no contrato GPL, passa a valer os direitos previstos no código de defesa do consumidor. Ele passa a ter direito de exigir o funcionamento adequado do sofware e passa a ter direito ao ressarcimento em caso de prejuízos.

Há uma ampla discussão para a adaptação do modelo GPL e LGPL no Brasil.[/quote]

Opa, então lascou pra todo mundo aqui :lol:

Quer dizer que se o cara faz um software livre que não funciona ele pode ser processado?

[quote=Maurício Linhares]

Opa, então lascou pra todo mundo aqui :lol:

Quer dizer que se o cara faz um software livre que não funciona ele pode ser processado?[/quote]

É isto mesmo :shock: .

Outros detalhes que acho que nem todos sabem:

  • Nenhum contrato de licença escrito em inglês tem validade em nossa justiça, a menos que tenha uma versão feita por um tradutor juramentado.

  • Contratos do tipo “clique para concordar” não têm valor jurídico, uma vez que não possuem testemunhas.

Vi a algum tempo que existe um esforço no sentido de definir um framework jurídico para o software livre no Brasil, acho que coordenado por um professor da GV que escreveu um livro sobre o assunto. Espero estar enganado mas, até onde sei, isto não andou muito.

As empresas deveriam avaliar cada caso e não proibir o uso ‘geral’.

É possivel usar o gcc/g++ com compilador e tudo que for compilado nele não vai ser GLP. Posso usar IDEs e editores de texto GLP, pois o conteúdo dos arquivos gerados por estes é de minha autoria.

Mas existe a preocupação de que alguem, de posse de um programa open source, veja o seu conteudo e use alguma coisa para resolver um problema. Sei de um caso de uma cópia de 6 linhas deu um rebuliço dos infernos porque a cópia veio de um programa GPL e iria para um programa BSD. Acredito que a proibição de programas GPL possam ter origem também no medo de um futuro processo pelo uso indevido de algum código por um programador inconsequente.