Entendo seu ponto de vista, mas me permita discordar da generalização:
O relacionamento com a tecnologia ele é, via de regra, um relacionamento objetivo. Mas existem exceções quando a tecnologia deixa de ser o fim por si própria e passa a ser um meio para resolução de conflitos de fundo psicológico.
Acredito que você já assistiu ao filme “Ela”, com Joaquin Phoenix para ter uma ideia. Em Matrix (2 eu acho), Neo é levado por um dos anciãos ao centro nervoso da cidade para conhecer como as máquinas mantêm a vida. Ele diz que as pessoas controlam a tecnologia porque podem desativar os equipamentos a qualquer instante, porém o ancião lembra que se o fizerem, cessará toda a manutenção das condições de vida em Sion. O relacionamento com a tecnologia, neste caso, deixa de ser objetivo e perpassa o psicólogo, indo a um nível mais cru, o da sobrevivência.
Além do exposto acima, quando saímos do relacionamento tecnológico para o relacionamento humano, TODAS as relações (sejam familiares, amorosas, profissionais ou mesmo temporárias) são permeadas de subjetividade que escorre por entre os dedos da mão que segura a peneira da objetividade.
Entenda: não digo que a objetividade é ruim; mas entendo que ela tem transformado as nossas ações em atos muito rasos. Quebrou? Substitui. Quase ninguém conserta mais. Então uma sociedade que era sólida e sobreviveu a fomes, guerras etc., por milhares de anos agora tem uma geração que afirma que “palavras machucam”. A liquidez dos tempos tem corroído o substrato humano.
Por que? Porque está tudo superficial. Tudo muito objetivo, curto e rápido demais. Estamos perdendo a essência da belíssima complexidade da natureza humana assim como ela foi criada. É a sociedade do imediatismo, do fast-food, das relações líquidas e do descarte das coisas que não conseguimos rapidamente - sejam elas objetos ou até pessoas!
As pessoas estão virando substantivos sem substância.
Por isso, entendo que precisamos parar e repensar a vida. Rezar, ler bons livros não ligados à tecnologia, voltar a ir pro mar e pro mato, enfim… sairmos do calabouço que a objetividade nos encerra para o arcabouço da substanciação da vida.
Face ao exposto, retomo ostensivamente a preocupação que apresentei de forma velada no texto anterior: a busca da velocidade em nome de uma pseudo-objetividade está roubando o ser-humano de ser humano. Está roubando-o dele próprio.
Assim, concluo que entendo ser fundamental entendermos o paradigma social para podermos ser a mudança necessária. Não adianta ser um excelente programador mas um péssimo ser-humano.
=============
Em tempo: não estou falando sobre você. Eu estou apenas mostrando a percepção da ideia que as pessoas estão se tornando substantivos sem substância.
Por favor não leve para o lado pessoal. É só uma discussão de ideias. Se fosse algo pessoal, eu teria enviado por mensagem privada.
Eu gosto de debater ideias, conhecer outros pontos de vista. Acho isso intelectualmente revigorante.
Parto do seguinte princípio, extraído do famoso adágio:
Grandes mentes discutem ideias;
Mentes médias discutem eventos;
Mentes pequenas discutem pessoas.