Especialista ou Generalista?

Leiam isso:

[quote]Estamos emburrecendo
Embora coletivamente o mundo esteja
ficando mais inteligente, individualmente
estamos ficando cada vez mais burros

Você já teve a impressão de que seu chefe, seu supervisor ou seus colegas de trabalho estão ficando menos inteligentes a cada ano que passa? E que essa onda está afetando inclusive você? Que o mundo está cada vez mais difícil de entender? Se você está se sentindo cada vez menos inteligente, fique tranqüilo, estamos todos emburrecendo a passos largos, inclusive eu. O conhecimento humano está aumentando explosivamente. Antigamente, dizia-se que o conhecimento humano dobrava a cada dezoito meses. Hoje, parece que ele dobra a cada nove. Embora coletivamente o mundo esteja ficando mais inteligente, individualmente estamos ficando cada vez mais burros.
Antigamente, você precisava entender de mecânica para dirigir um carro. Hoje, os computadores são feitos à prova de idiota, graças a Deus! É justamente por isso que sobrevivemos. Equipamentos incorporam conhecimento, e muitas vezes tomam decisões por nós. Por essa Darwin não esperava, pela sobrevivência dos menos inteligentes.

Se você ler três livros por mês, dos 20 aos 50 anos, serão 1.000 livros lidos numa vida, que nem chegam perto dos 40.000 publicados todo ano só no Brasil. Comparado com os 40 milhões de livros catalogados pelo mundo afora, mais 4 bilhões de home pages na internet, teses de doutorado, artigos e documentos espalhados por aí, provavelmente seu conhecimento não passa de 0,0000000000025% do total existente.

Há intelectual que acha que tem o direito de mudar o mundo só porque já leu 5.000 livros. É muita arrogância. A idéia de intelectuais superesclarecidos governando nações hoje não faz o menor sentido, é até perigosa.

Como sobreviver num mundo onde cada um de nós só poderá almejar saber 0,0000000000025% do conhecimento humano ou até menos? O segredo é cada um se esforçar para saber 100% de um pequeno nicho, uma parcela mui, mui pequena do conhecimento humano.

Não basta mais tirar a nota mínima 5 em 58 matérias e achar que um diploma vai resolver sua vida. Não basta mais saber 90% de uma única matéria acadêmica. Você precisará saber 100% de algo que seja útil para os outros. Você vai ter de ser o maior especialista do mundo num assunto e vender o que sabe fazer bem aos demais miniespecialistas do planeta, e vice-versa.

Quantos alunos se formam especialistas em coisa alguma? Infelizmente, as universidades hoje em dia produzem commodities. Preferem formar generalistas, porque é bem mais barato do que formar especialistas.

Só que generalista que não tenha uma especialidade não arruma o primeiro emprego. Faculdades oferecem basicamente o mesmo curso todo ano, obedecendo a um mesmo currículo, chamado de mínimo. Não é à toa que há tanto desemprego.

Antigamente, superespecialistas poderiam morrer de fome por falta de mercado. Hoje, a globalização permite mercados cada vez maiores. Por isso a enorme preocupação dos especialistas em ampliar mercados como a Alca, Brindia e Mercosul. Um técnico de manutenção de rodas de avião morreria de fome no Uruguai.

O segredo daqui para a frente é ignorar uma série de leituras, publicações e jornais que você lia anteriormente, com exceção de VEJA, para não parecer um ET. Curiosamente, você vai ter de se tornar um ignorante, alguém que deliberadamente ignora milhares de informações para se concentrar na sua especialidade. O segredo não é mais ser um intelectual que sabe um pouquinho de tudo, mas ser um ignorante que sabe tudo sobre um pouquinho.
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Texto por Stephen Kanitz,articulista de Veja.

Botando de lado o fato de ele ser ensaísta de Veja,estamos emburrecendo?Precisamos ser Generalistas ou Especialistas?

Esse texto rendeu boa discussão aqui(de onde o tirei):
http://www.forumpcs.com.br/viewtopic.php?t=57274

Para um grupo de trabalhadores esta é uma realidade, com certeza. Mas, pense bem; como um gerente, diretor, e qualquer outro em cargo de chefia e/ou administração pode ser um especialista? Nestes casos tem ocorrido exatamente o contrário: tem que aprender um pouco de tudo! A informática não me deixa mentir. Um indivíduo de uma carreira não técnica não tem o direito de não saber informática, mesmo não tendo nada a ver com ele.
Não estou discordando do artigo, só acho que dependendo do setor para onde se olhe a realidade é diferente. Se não me engano, a própria Veja, publicou há tempos atrás uma matéria sobre os profissionais do futuro. Tinha coisas como Médico/Tecnologo e outras profissões que juntavam conhecimento de várias áreas.
Dá pra ver que a coisa não é bem assim.

Eu pessoalmente concordo com o texto por um ponto de vista. Sem querer parecer arrogante, mas vou citar Socrates: “Tudo que sei é que nada sei.” Mais conhecimento sempre gera mais perguntas, nunca cheguei e tenho certeza que nunca vou chegar numa verdade final.

E também discordo com o texto no sentido da preocupação do autor com o conhecimento; para mim o objetivo da coisa toda é ter um montão de prazer, e não seria nada prazeiroso saber um tudo sobre qualquer assunto que seja.

MHO :smiley:

Concordo, mas isso não é de hoje, acho que sempre foi assim.

Mas querer dizer que o máximo de conhecimentos que podemos acumular é só 0,0000000000025% do total é besteira. Desses 40 milhões de livros quantos são do mesmo assunto? E das 4 bilhões de homepages quantas tb são do mesmo assunto e quantas são completamente inúteis?

Pode até ser essa porcentagem de 0,0000000000025% esteja correta, mas não por esse raciocínio de número de livros lidos x livros existentes, mas sim por causa dos inúmeros detalhes que cada área do conhecimento tem que só os especialistas de cada área sabem e os generalista nunca vão saber.

[]'s

supondo que grande parte dos livros e homepages são do mesmo assunto e grande parte seja de coisas inúteis acho que dá pra tirar 2 ou 3 zeros do percentual de 0,0000000000025%, sendo assim acho que eu posso acumular 0,00000000025% do total :stuck_out_tongue:

Que estamos emburrecendo, isso eu concordo, e já fazem mais de 2000 anos.
Agora que o mercado exige hoje profissionais especializados em um único assunto? Discordo veementemente. Por exemplo, vá procurar uma vaga de desenvolvedor sem ter a mínima noção de banco de dados e SO.

Hummm… Primeiro, o autor do site faz a boa e velha confusão entre conhecimento e inteligência. O fato de alguém ler 5.000 livros não o torna inteligente se ele não souber o que e como fazer com a monstruosidade de informações que ele absorveu.
A inteligência é, com certeza, “vitaminada” pela aquisição de conhecimento, mas costuma-se definir inteligência como a capacidade de encontrar soluções para determinados problemas em uma determinada situação. Sei lá se esta é uma definição tão boa assim, mas eu acho razoável.
Acho que estamos passando por uma crise de excesso de dados, não exatamente de informações - são tantos dados a processar que fica difícil transformá-los em informação que alimente futuramente o conhecimento.
Fazendo uma comparação meio tosca, um iniciante em Java acha complicado ler meia tonelada de documentação de frameworks, mas alguém com mais experiência navega com maior tranqüilidade nesta confusão de dados. Isto não significa que um é mais inteligente do que o outro, necessariamente, mas que um possui mais conhecimento.
De qualquer forma, nos tornamos especialistas/generalistas de qualquer forma - dominamos muito bem uma determinada área do conhecimento , por razões pessoais e/ou de necessidade, e outras áreas conhecemos menos, pouco, quase nada ou ignoramos simplesmente. :slight_smile:

Concordo com o Marcelão sobre a inteligência. Esta, para mim, é a união de 3 fatores:

  • capacidade de absorção de conhecimento novo
  • capacidade de comparação/associação de conhecimentos
  • capacidade de expressar este conhecimento

A maoria das pessoas só pensa no primeiro fator, levando à errada conclusão de que ter boa memória indica inteligência.

é verdade LIPE, se a pessoa não tem capacidade de comparar/associar conhecimentos de nada vale ler 5.000 livros

Concordo...a maioria (mesmo dos ditos Gênios)leu muito menos do q isso durante a vida,nem por isso serão menos inteligentes...se alguém consegue ler e assimilar isso tudo,parabéns,mas seria impossível aplicar toda essa informação...   
O conceito de dado,informação e conhecimento é abstrato....
Inteligência mais ainda... até concordo com vc LIPE,mas tb tenho conceitos próprios sobre esse assunto:

dado-agregados úteis ou não que pode vir a se transformar em informação.(É o estado bruto de uma informação).Exemplo:números ou letras.
informação-é o dado trabalhado que pode(ou não)ser útil a alguma finalidade.Exemplo:Uma conta(3+2=32) :shock: 
conhecimento-abrange os 2 conceitos anteriores,só que com uma finalidade definida,ou seja é uma informação útil,que possui um padrão bem definido num dado contexto.Ex:3+2=5 em base decimal
Inteligência- abrange o seu conceito(LIPE),mais um,que é a capacidade de obter mais conhecimento através de associação dos 3 fatores anteriormente citados.Ex Sabendo Math,vc sabe q a soma em base decimal dah 5,mas tb descobre q há outras bases cuja soma não dão 5...(ah uma maior aquisição/associação em decorrência do primeiro...)isso eh inteligência,eh o conhecimento em uso!
 se vc possui todos os itens em igual equilíbrio,conseguindo tirar vantagem competitiva do mesmo,vc é sábio(quem possui saber) pois vc conhece uma forma primitiva de conhecimento a qual não pode ser contestada(Axioma),vc domina um dado campo do  conhecimento(Até q alguém prove o contrário).

Gostei do que você falou IronLynx :smiley:

Isso sem contar que hoje em dia estão separando a inteligência em várias áreas, como por exemplo inteligência musical. Eu gosto disso também :smiley:

Minha visão é que estamos confundindo o conceito de campo de atuação com habilidade…

Generalista é aquele atua em vários campos, embora não tão bem.

Especialista é aquele que domina um determinado campo.

Às vezes, é preciso dominar várias habilidades para poder atuar de forma destacada em um campo. Se um especialista não consegue executar uma determinada atividade, é porque o campo em que ele está atuando é muito pequeno.

Não adianta ser especialista uma linguagem de programação apenas, por exemplo, se você quer ser um programador especialista. Porque as habilidades que diferenciam um bom programador de um mal programador vão além do quanto ele conhece a linguagem de programação (e envolvem desde algorítimos, facilidade de comunicação até usabilidade).

Ou seja, para mim, uma especialidade é o domínio sobre múltiplas habilidades, onde todas essas habilidades são utilizadas para aumentar a performance em um determinado campo de atuação.

Mais sobre a minha opnião aqui: http://duislifebox.wordpress.com/2008/04/01/e-melhor-ser-um-especialista-ou-um-generalista/

Abraços,
Toledo

[quote]Minha visão é que estamos confundindo o conceito de campo de atuação com habilidade…
[/quote]
Ressucitando os Mortos?MToledo, vc deu uma olhadinha na data do último post???

Forum PCs e Meio-Bit citados no mesmo dia (ok, não foi citado mas foi ressuscitado) no GUJ?

Isso é que eu chamo de primeiro de Abril.

Esse tópico foi desenterrado mais ainda é interessante…
:smiley:

A idéia era ressucitar mesmo, já que a discussão é atemporal, e eu gostaria de saber a opinião das outras pessoas sobre esse assunto. :slight_smile:

E aliás, parece que funcionou, rs :wink:

A meu ver, o que importa não é o conhecimento acumulado de uma pessoa. E sim o quanto que esta pessoa conseguirá acessar do seu conhecimento no momento exato.

Aqui eu cito Sherlock Holmes : " O cérebro humano é como um sótão, quanto mais coisas tivermos nele, mais difícil será de acharmos algo útil quando necessitamos. " E é essa a idéia, não adianta saber um monte de coisa, é preciso tornar tudo o que você sabe útil. E aí que alguns se destacam.

E outro ponto, enquanto que com muita coisa é mais difícil de achar rápido, é mais provável que esteja lá… isso depende do mercado em que se atua. Se precisa de decisões rápidas sobre um mesmo assunto, é melhor ser um ignorante que tenha pouco coisa no seu “sótão”, mas se o tempo permite refletir e raciocinar, é com ter um “sótão” grande e lotado. :slight_smile:

Entendi. É um bom ponto, mas será que se aplica à diversos contextos?

Estou pensando por exemplo em um Grand Master de xadrez. Ele possuí um “sotão” enorme, repleto de dados sobre jogos anteriores, com as posições em que estavam as peças, as continuações, e o resultado daqueles movimentos.

Ainda que a quantidade de informações seja enorme, ele tem muito mais facilidade para encontrar os jogos que se aplicam à posição atual do que um principante que tenha decorado apenas algumas posições.

Ou seja, acho que talvez a facilidade para acessar o conhecimento no momento necessário esteja mais atrelado à prática/treinamento da pessoa do que à quantidade de conhecimento que ela tem à disposição.

O que você acha?

[quote=mtoledo]Entendi. É um bom ponto, mas será que se aplica à diversos contextos?

Estou pensando por exemplo em um Grand Master de xadrez. Ele possuí um “sotão” enorme, repleto de dados sobre jogos anteriores, com as posições em que estavam as peças, as continuações, e o resultado daqueles movimentos.

Ainda que a quantidade de informações seja enorme, ele tem muito mais facilidade para encontrar os jogos que se aplicam à posição atual do que um principante que tenha decorado apenas algumas posições.

Ou seja, acho que talvez a facilidade para acessar o conhecimento no momento necessário esteja mais atrelado à prática/treinamento da pessoa do que à quantidade de conhecimento que ela tem à disposição.

O que você acha?[/quote]

É… isso é… um grande jogador de xadrez consegue filtrar as informações, e a cada jogado vai afunilando mais a quantidade de jogadas possíveis, até que só reste uma: o xeque-mate.

Mas acredito que até os grandes mestres são um pouco especialistas, talvez uns joguem melhor com bispos, outros com cavalos, outros com torress… hehhe. sei lá também, os grandes mestres são caso de estudo a parte. Mas particularmente, eu prefiro bispos do que torres. :smiley:

Mas os jogadores de xadrez também tem bastaaaaaante tempo para jogar, porque aquelas partidas demoram, demoram…

Em uma questão mais geral, acho que é preciso ser generalista e ter uma especialidade. No caso dos médidos isso é clássico. Todos eles se formam e viram clínicos-gerais, e depois se especializam. Mas comm certeza um oftalmologistas vai saber o que fazer quando alguém quebrar a perna ou for picado por uma cobra…

Nós discutimos isso essa semana aqui no meu curso de Ciências Contábeis, quanto ao vasto campo de atuação dos pofissionais da área ( Auditoria, Controladoria, Perícia, Contas Públicas… ), mas ainda sim é preciso conhecer a Contabilidade Geral, para poder declarar Imposto de Renda, escriturar gastos e despesas de uma empresa…

Acho importante o médico aprender as coisas como clínico geral porque ele se torna mais apto a definir qual especialidade é a melhor para ele uma vez que ele possui um conhecimento mais amplo.

Mas quanto à ser generalista, só acho importante se isso se aplicar à função em questão… será que um profissional de economia precisa saber escriturar gastos de uma empresa se isso não faz parte de sua função?

Minha teoria é de que se ele tem uma função de fazer uma série de coisas genéricas, ele nunca vai poder ser um profissional destacado. Então, via de regra, se ele não executa essas funções, é melhor ele gastar o seu tempo se especializando em outras habilidades que ele usa, para se destacar ainda mais.

PS. No xadrez, a torre teoricamente tem o peso de 5 peões, e os bispos de 3 peões. A grande maioria dos jogadores acha que as torres são quase 2 vezes superiores à um bispo, ficando a preferência normalmente entre bispos e cavalos. :slight_smile:

[]s
Toledo